quarta-feira, 5 de setembro de 2012

NOVO RESGATE HISTÓRICO: EMILIO SESSA, PINTOR



Um certo Emílio Sessa
Susana Gastal
Coordenadora Editorial

Quem é Emílio Sessa?
Foi essa a pergunta mais ouvida por nós, ao longo dos oito meses em que o projeto do livro, que você agora tem em mãos, foi desenvolvido. Apesar de ter sido parceiro de Aldo Locatelli em muitos trabalhos, entre 1948 e 1965, período em que trabalhou no Brasil, a figura de Sessa foi ofuscada pelo brilho de seu companheiro nas lides artísticas. Talvez por mais tímido, talvez por menos disponível para as lides da vida social, talvez por seu retorno prematuro para a Itália, a figura de Sessa ficaria relegada por várias décadas.
Enquanto o ostracismo cobria de silencio o criador, a criação perfilava-se exuberante diante dos olhares mais atentos, embelezando os espaços internos das catedrais de Pelotas e Santa Maria, do Palácio Piratini, sede do governo de Estado, e de muitos outros espaços pelo Rio Grande do Sul. Nelas, florões, guirlandas, pinturas fingidas, dentre outros elementos pictóricos, materializam o sagrado e o profano,  dando-lhes cor, brilho e vida.

Mas, quem é Emílio Sessa?
Atento, arguto, olho treinado pelas e para a beleza da arte presente em fachadas e interiores, Arnoldo Dorberstein foi o primeiro a se inquietar com a pergunta e a buscar resposta. É dele o texto “A trajetória e a formação europeia”,  em que nos apresenta o ambiente artístico na cidade de Bérgamo, onde o artista foi formado: filho de Annibale Sessa, pintor conhecido no local, seguir a profissão do pai foi decorrência natural. O que não impediu a que fosse estudar nas melhores oficinas, com os mestres mais qualificados.
Mas, feito artista numa terra reconhecida por honrar à arte e aos artistas, por que viria para o Brasil?  Maria Helena R. Montardo e Nilo Sérgio V. Montardo nos descrevem o cenário que motivou a mudança: uma Europa exaurida pela guerra, de um lado, e, aqui, um país em um bom momento econômico e em condições de contratar artistas no Velho Continente.
Trazido ao Rio Grande do Sul pela mão do bispo de Pelotas, D. Antônio Zattera, e com as bênçãos de Angelo Roncalli, que tempos depois viria a ser o Papa João XXIII, um trabalho puxou o outro. E Sessa vai de Pelotas a Porto alegre, de Santa Maria a Santo Ângelo. Por onde passa os espaços ganham dimensões inesperadas, como relatam Eliane Silva,  Anna Paula Boneberg N. dos Santos e Maria Regina Lisbôa. Do filho, Franco Sessa, vem o depoimento comovido, a partir da intimidade com o pai pintor.

A Cronologia do artista coloca-se aqui, não como um segmento acessório, mas como um capítulo em si e de fundamental importância. Primeiro, porque a linha de tempo, costurando os dados dispersos nas falas dos diferentes autores, traça um amplo painel cronológico e imagético, do percurso de vida e de arte de Emílio Sessa. Segundo, porque a proposta editorial do Instituto Cultural Emílio Sessa, responsável por essa edição, envolve pelo menos mais dois volumes em torno da produção do artista e, enquanto eles não chegam, a Cronologia permitirá ao leitor uma visão completa da trajetória do artista.
Os textos que compõe esse livro estão cheios de paixão e pressa. Paixão porque, uma vez em intimidade com a arte de Sessa, é impossível ficar imune ao fascínio que a mesma exerce. Pressa, porque é necessário resgatar a dívida histórica que temos para com ele.

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