quarta-feira, 25 de julho de 2012

TCC DE ROBERTA MACHADO GOMES EDITADO EM LIVRO




PERCURSOS DE ROBERTA
Por Susana Gastal

A sala de aula é, com certeza, um espaço privilegiados de criatividade e de produção, em especial no terceiro grau, por ainda desvinculado das pressões mais sérias do mercado. Ali está, em ato, o que a vida adulta e profissional nem sempre irá permitir no futuro dos, agora, alunos: liberdade para o livre pensar e para o livre fazer.
Há alunos que veem essa oportunidade ímpar e se entregam a ela com todo prazer. E há aqueles que veem tal espaço como de precariedades e até mesmo como de não vida, no sentido de que a vida seria aquilo que aconteceria lá fora, quando e onde não houver tarefas acadêmicas a cumprir. Que ledo engano...
Roberta, com certeza, se enquadra no primeiro grupo. Desde as primeiras aulas, ainda no início do curso de Turismo, ela se destacava pela seriedade e meticulosidade com que se dedicava a todas as tarefas da rotina acadêmica, nos seus pequenos ou grandes desafios. Mais do que isso, ela sempre surpreendia.
Lembro especialmente de um trabalho sobre os lugares de memória em Porto Alegre e sua interpretação patrimonial, na disciplina de Turismo e Cultura, em que a proposta era a de olhar a cidade e suas memórias sobre novas perspectivas. Roberta e seu grupo fizeram uma bela proposta para ressaltar o Mercado Público Central do início do século XX. O trabalho, além de criativo na sua concepção, vinha acompanhado de soluções visuais para ilustrar o projeto, no mínimo inusitada na sua qualidade.
Não foi de outra maneira no seu trabalho de conclusão de curso, que tive o privilégio de orientar.  A proposta de Roberta era a de estudar a presença-ausência dos negros e de suas expressões culturais em Porto Alegre. O tema já seria, em si, um grande desafio, visto que os apagamentos da presença física e cultural da etnia são muito maiores do que as suas marcas memorialísticas no território.
Vencido o primeiro obstáculo e resolvido que ela iria, sim, empenhar-se em um trabalho quase arqueológico de recuperação de fragmentos, defrontávamo-nos com o segundo desafio, envolvendo as possibilidades de roteirizar turisticamente marcas tão débeis.  Seria necessário reunir pequenos sinais, indícios delicados aqui e ali, escondidos nas reentrâncias da cidade, que dessem organicidade não só a uma proposta de Turismo, mas também, que encaminhassem para a visibilidade cultural pretendida.
Roberta saiu-se bem nos dois momentos, que agora poderão ser acompanhados nas páginas do livro que está em suas mãos.
O sucesso do percurso acadêmico da pesquisa por ela efetuada trouxe, ainda,  outros dividendos importantes, como mostrar que a sala de aula é esse espaço privilegiado. Um laboratório para experiências inusitadas e inovadoras. Outro dividendo foi o de atestar que o Turismo e os profissionais que a ele se dedicam, é muito mais do que apenas gestão ou cifras econômicas, nos seus aportes sociais e culturais. Claro, desde que a pessoa por trás da figura do aluno, agora profissional, seja ela mesma inusitada e inovadora. Como o é a Roberta.

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